sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A mulher na Polícia


Nos países desenvolvidos já não se discute a presença das mulheres nas polícias ou nas Forças Armadas, o óbvio fato da mulher ser capaz de manusear armamentos, pilotar um aviões ou aplicar técnicas de condução a um indivíduo exaltado já são suficientes para admitir e desejar o apoio delas na atividade policial/militar. Além disso, não se pode desconsiderar a necessidade de mulheres em procedimentos policiais envolvendo outras mulheres — o próprio Código de Processo Penal brasileiro prevê a necessidade de uma mulher para fazer busca pessoal em outra mulher, para que não haja constrangimento à abordada.
Isso falando-se na operacionalidade, na técnica policial propriamente dita. Partindo para o serviço administrativo/burocrático, vejo que as mulheres têm diversas características que as fazem, de maneira geral, atuarem de forma mais eficiente que o homem. Considero-as mais detalhistas e cuidadosas, e geralmente com mais facilidade de dedicarem-se a seus objetivos.
Apesar disso, ainda há no Brasil quem discuta a presença delas nas corporações policiais. Um dos argumentos utilizados é o da força bruta, fator que as mulheres indubitavelmente têm desvantagem em relação aos homens. O problema é que a todo momento estamos treinando e recebendo orientações no sentido de diminuir o uso da força bruta, substituindo-a por técnicas eficientes de contenção e defesa. Assim, definitivamente, não há razões óbvias para sustentar esse argumento.
Mas o preconceito está aí, advindo da sociedade como um todo, e a cada dia que passa sendo desconstruído, aos poucos. Aqueles que são defensores duma polícia isolada da sociedade, fechada em si e impenetrável às diversas minorias que compõem nossa organização social, vêem a mulher como uma ofensa a esse purismo de truculência, rusticidade e empáfia característicos de organizações militares de séculos passados.
Do mesmo modo que me ponho contra os críticos das mulheres nas polícias, vejo com reserva as mulheres que usam o estigma do machismo para se defender de todos os problemas por que passam nas corporações policiais. Algumas chegam a atribuir punições disciplinares e outras medidas administrativas impessoais à discriminação de gênero. É natural que isso ocorra, tal qual o anticorpo que traz efeitos colaterais, mas é preciso sempre vigilância, para que não se dê fundamento aos críticos das mulheres policiais.
Cabe às mulheres, como aos homens, atuar com profissionalismo e dedicação, sem deixar margens para críticas que costumam usar um mau exemplo como se fosse algo genérico. Conheço homens que são maus policiais e mulheres que são ótimas policiais, e vice-versa. A verdade é que nem deveríamos gastar nossas palavras com esse assunto, mas sempre é bom ajudar no processo de desconstrução de idéias infundadas e frouxas.

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