quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Câncer raro é confundido com alergia


Câncer raro


Ao fazer o auto-exame para a prevenção do câncer de mama, as mulheres devem observar se há irritação na área que envolve o bico e a aréola do seio.

Sintomas parecidos com uma alergia, como coceira e vermelhidão, podem ser o sinal da doença de Paget, um tipo raro de câncer de mama que afeta de 1% a 2% das mulheres vítimas de câncer.

No Brasil, o câncer de mama é a principal causa de morte entre as mulheres. Estima-se que o ano passado tenha sido fechado com 31.590 novos casos da doença.

A doença de Paget pode estar associada ou não a um tumor maligno na parte interna do seio. Por isso, o diagnóstico correto da lesão externa e o rápido tratamento são fundamentais.

'Muitas vezes, a irritação é confundida com uma dermatite e tratada com cremes e outros produtos dermatológicos. Isso só retarda uma ação efetiva contra a doença', afirma Edison Mantovani Barbosa, 52, coordenador do Departamento de Mastologia do IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer).

Foi exatamente o que aconteceu com a comerciante Ana Chiarette, 48. Durante seis meses ela tentou curar uma ferida no seio direito com banhos e cremes indicados por amigas. 'Nunca imaginei que pudesse ser câncer, até perceber o aumento da ferida e um líquido saindo do bico do seio', conta.

De acordo com Barbosa, no estágio mais avançado da doença de Paget surgem feridas que acometem não apenas o bico do seio, mas também a aréola. Dores e secreção são outros sintomas.

Pedro Aurélio Ormonde, 47, diretor do Hospital de Mastologia do Inca (Instituto Nacional do Câncer), diz que ainda não há consenso se os gânglios aparecem antes ou depois das feridas.

Ele afirma que fazer a biopsia das feridas é o primeiro passo para a confirmação (ou não) do diagnóstico de câncer.

Também é pedida uma mamografia -exame radiológico dos tecidos moles da mama-, que ajuda a detectar lesões na parte interna do seio, nem sempre descobertas no exame de apalpação.

Caso o diagnóstico de câncer seja confirmado, são indicados a cirurgia e um tratamento complementar com quimioterapia ou radioterapia. Às vezes, é preciso associar os dois tratamentos.

O tipo de cirurgia a ser feito vai depender de fatores como a extensão da lesão na pele e a relação entre as dimensões do tumor e o tamanho da mama.

Segundo o médico Edison Barbosa, em tumores de até dois centímetros, que tenham atingido a região atrás da aréola, pode-se tentar uma cirurgia conservadora, retirando toda a área central da mama, que inclui a aréola e a papila. Nesse caso, a reconstrução da mama é mais simples.

No entanto, caso o comprometimento seja mais extenso e o tumor tiver atingido a região das axilas, por exemplo, o único caminho é a mastectomia, onde toda a mama precisa ser retirada.

Em estágios avançados, a doença de Paget pode causar metástases em ossos (a mais comum), pulmões, fígado e cérebro.

Porém, segundo o mastologista Luiz Henrique Gebri, 44, chefe do Departamento de Mastologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), por ser visível, esse é um tipo de câncer de mama que as mulheres detectam rapidamente e que raramente chega ao estágio avançado.

O alerta serve também para os homens. Assim como acontece com o câncer de mama, eles também podem ser acometidos pela doença de Paget.

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