quinta-feira, 23 de abril de 2009

GRAVIDEZ



Opções para todos os gostos

Pílulas com menos hormônios e até uma para ser usada depois de relações sexuais desprotegidas podem ser escolhidas para prevenir a gravidez indesejada
Existem três formas de se prevenir a fecundação, ou seja, a junção do óvulo com o espermatozóide que resulta em gravidez. Uma delas é evitar as relações sexuais durante o período fértil. Outra maneira é alterar os mecanismos de transformação dos folículos ovarianos em óvulos que, fecundados pelos espermatozóides, formarão os embriões. Essa proeza é feita com os anticoncepcionais hormonais. Por fim, criar impedimentos físicos ou químicos para o encontro entre o óvulo e o espermatozóide. São os chamados métodos de barreira. Escolher entre eles, no entanto, às vezes pode ser mais difícil do que se imagina. Mas os especialistas estão ajudando nessa decisão. "O anticoncepcional deve ser escolhido de acordo com as preferências, estilo de vida e capacidade de adaptação ao método", orien-ta o ginecologista Sérgio Nicolau Mancini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A seleção do método, porém, não significa necessariamente que os casais sigam as suas recomendações de uso ou tenham a continuidade necessária para usufruir dos seus efeitos. Muita gente esquece de tomar a pílula ou de colocar a camisinha na hora da penetração, por exemplo.

Comportamentais
As técnicas comportamentais (naturais ou de percepção da fertilidade) não são recomendadas pela maioria dos ginecologistas porque sua aplicação depende do conhecimento e da análise de muitos sinais do corpo. A mulher precisa aprender a conhecer e interpretar, por exemplo, os padrões da temperatura interna do corpo ou a consistência do muco cervical, entre outros comportamentos do organismo. Os métodos hormonais e de barreira são os que mais oferecem praticidade e vantagem em relação aos naturais. As pílulas constituem o método de contracepção mais popular no mundo e estão em uso há mais de três décadas. Mas dez anos depois da sua comercialização e das transformações que provocou na vida sexual dos casais começou-se a discutir os seus riscos para a saúde, como o aparecimento da trombose e crescimento das chances de infarto por causa de elevadas doses de hormônio, que aumentavam alguns fatores de coagulação do sangue e poderiam favorecer o aparecimento de coágulos e trombos. Hoje, no entanto, as concentrações de hormônio são cada vez menores e, por isso, os riscos também.

De fibras e mel à camisinha
A preocupação em evitar a gravidez vem de longa data. Hoje, pode parecer muito esquisito, mas mulheres do antigo Egito, por exemplo, evitavam a gravidez usando emplastros vaginais preparados à base de fibras vegetais, mel e uma goma obtida da acácia, que teriam ação espermicida. "No século XVIII, a industrialização da borracha permitiu o desenvolvimento de técnicas mais modernas de contracepção, substituindo os unguentos e pastas de ervas pelos preservativos em látex, diafragmas e capas cervicais", conta a ginecologista Mara Diêgoli, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Hoje, as opções para unir a segurança ao prazer se multiplicam. Há diversos tipos de dispositivo intra-uterino, centenas de marcas de camisinha e até uma pílula para ser colocada no canal vaginal para mulheres que sentem muita náusea tomando anticoncepcionais hormonais orais. Mas as pesquisas oferecem, a cada dia, novas opções para afastar óvulos de espermatozóides. Um exemplo é a pílula do dia seguinte, já disponível no Brasil. Mas ela só é indicada para ser usada em emergências (como atos de violência sexual ou quando o método anticoncepcional falha). É composta por dois comprimidos de alta dosagem hormonal. O primeiro deve ser ingerido o mais rápido possível depois da relação sexual desprotegida. E o segundo 12 horas depois. É importante saber que essa pílula não é abortiva. Ela age de duas formas: impede a junção do óvulo com o espermatozóide, evitando a fecundação ou, se a fecundação já ocorreu, a pílula impossibilita que o ovo se fixe na parede do útero.

Barreira

Impedir que o espermatozóide encontre o óvulo é também a missão dos métodos de barreira. Esse obstáculo pode se dar por meios químicos ou mecânicos. A maioria deles previne não só a gravidez, mas também as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Existem dois tipos de métodos de barreira: masculino (camisinha) e feminino (DIU, diafragma, camisinha e espermicida). "Indico a camisinha como a primeira opção para quem está iniciando a vida sexual", aconselha a ginecologista Mara Solange Diêgoli, do Hospital das Clínicas de São Paulo. A grande novidade nessa categoria é o preservativo feminino, comercia-lizado no Brasil pela DKT desde 1998. A partir de outubro, o Ministério da Saúde começará a distribuir esse preservativo nos serviços de atendimento à mulher. A distribuição será acompanhada de palestras e orientações sobre a colocação. A decisão de tornar a camisinha feminina mais acessível foi tomada a partir de um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que mostra sua boa aceitação entre as mulheres. O trabalho analisou 2.453 mulheres acima de 18 anos e verificou que mais de 70% delas usariam a camisinha feminina como método de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, principalmente a Aids. Que bom. Trata-se de um método que aumenta os recursos de prevenção e que, melhor ainda, está ao alcance da mulher. Ela não depende da boa vontade do homem para que possa se proteger tanto de DSTs quanto de uma gravidez indesejada. Ótima notícia, principalmente quando se sabe que a mulher é a maior responsável pelo planejamento familiar no Brasil.

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